Sonny Anderson: "Eu levava o Thierry Henry aos treinos"

França 98, o fenômeno David Trezeguet, sua relação com Thierry Henry, Ali Benarbia… O artilheiro brasileiro Sonny Anderson falou em entrevista exclusiva sobre vários assuntos.
Um grande 9 revelado com a Diagonal
Recrutado por Arsène Wenger em 1994 juntamente ao Marselha, depois revelado sob as ordens de Jean Tigana até ser coroado artilheiro do Campeonato Francês (21 gols em 1996) e campeão um ano depois (1997), a lenda brasileira falou sobre tudo o que o marcou no Principado. A relação com o presidente Campora, a transferência recorde para o Barcelona e muito mais.
Confira uma longa entrevista com o ex-camisa 9 Rouge et Blanc, agora consultor estrela do canal beIN Sports, e que irá comemora seu 51º aniversário em 19 de setembro.
Olá, Sonny. Em primeiro lugar, para os torcedores monegascos mais jovens, lembrem-nos das condições de sua chegada ao Monaco em 1994…
Tinha acabado de passar seis ótimos meses em Marselha, onde marquei 16 gols na segunda metade da temporada. Infelizmente, o clube foi rebaixado para a segunda divisão e eu disse aos dirigentes que não queria ficar. Na época eu ainda pertencia ao Servette-SUI, que me emprestou, então decidi assinar com o Monaco. O presidente Jean-Louis Campora e Arsène Wenger foram muito importantes na minha decisão de ingressar ao Principado. Quando eles te dizem que querem trabalhar com você e que acreditam em ti, isso lhe dá confiança imediatamente.
A chegada de Jean Tigana
A segunda temporada (1995-1996) foi muito melhor, com a chegada de Jeannot Tigana, Fabien Barthez, Thierry Henry e David Trezeguet em particular. Tínhamos uma equipe muito competitiva, com a qual pudemos fazer grandes coisas na Champions. Em 1997, fomos eliminados apenas nas semifinais da Copa da UEFA pela Inter de Milão, em jogo muito injusto no Stade Louis-II. Mas naquele ano fizemos algumas coisas interessantes contra o Newcastle e o Celtic Glasgow, entre outros. Só precisávamos de um pouco de experiência para ir mais longe.
Seu crescimento
Foi uma experiência excepcional para mim, porque fui coroado artilheiro na segunda temporada e, em seguida, terminamos como campeões franceses em 1997, onde fui eleito o melhor jogador. Foi uma experiência maravilhosa.
Os primórdios da França 98
Foi um privilégio jogar com eles, pois foram campeões mundiais em 1998. Emmanuel Petit e Lilian Thuram fizeram parte notavelmente deste grupo que conheci, num momento da carreira em que se estavam se tornando jogadores muito importantes. Em seguida, houve Thierry Henry, que mostrou caráter suficiente para começar na equipe desde muito jovem. Depois, David Trezeguet. Foi um prazer jogar com esse tipo de jogadores, porque confiamos um no outro, então minhas duas últimas temporadas foram realmente ótimas.
Signé 𝐓𝐡𝐢𝐞𝐫𝐫𝐲 𝐇𝐄𝐍𝐑𝐘 ! 🔴⚪
Le grand début de l'histoire entre @ThierryHenry et son pied droit 💥
⚽ 𝗙𝗜𝗥𝗦𝗧 𝗚𝗢𝗔𝗟 – 4/18 ✨ pic.twitter.com/dULsoEyrRl
— AS Monaco 🇲🇨 (@AS_Monaco) October 7, 2020
Os jogadores com quem gostava de jogar
No Monaco, sempre tive a sorte de ter jogadores muito técnicos atrás de mim, como Youri Djorkaeff ou Enzo Scifo. Mas tem um em especial que me fez marcar muitos gols, era o Ali Benarbia! Quando terminei como artilheiro da liga com Ali atrás de mim, foi simplesmente excepcional. Eu só tinha que pedir a bola no espaço certo e ele sempre me colocava em boas condições. Tem também o Thierry Henry na temporada em que se afirmou, na época em que ainda jogava pela esquerda. Tive muita sorte de ter jogadores desse calibre ao meu lado.
Sua ida ao Barcelona
No início da temporada 1996-1997, fui ver o presidente, Sr. Jean-Louis Campora, e disse-lhe que queria ser campeão francês com o AS Monaco. Em última análise, foi isso o que aconteceu. Assinei um novo contrato em janeiro para continuar a aventura, porque me sentia bem aqui, e pensei que podíamos fazer uma grande campanha europeia e escrever a história com o clube.
Não queria ir embora, mas nessa altura o Barcelona apareceu com uma oferta de 180 milhões de francos, um recorde para a época. Falamos com o Sr. Campora, não queríamos nos separar, mas infelizmente era um valor impossível de recusar. Se não tivesse conquistado títulos com o AS Monaco, teria partido com ainda mais arrependimento.
O dia em que ele anuncia a vitória ao time
Um ano, lembro-me que lá estava Basile Boli (1995-1996), tínhamos perdido cinco seguidas e tínhamos acabado de apanhar para o Strasbourg. Quando voltamos da partida, decidimos comer juntos e conversar uns com os outros. Corrigimos os problemas e dissemos que não perderíamos um jogo novamente. Também recebemos o Nice em casa na sequência, então não tínhamos margem para erros.
Na véspera da partida, fui ver Thierry Henry e disse a ele: “Amanhã farei o time vencer”. Resultado: durante a partida levo a bola para o meio do campo, driblo toda a defesa do Nice e marco. Vencemos por 1-0 e saímos muito fortes. Foi a força de um grupo que conseguiu se recuperar de um mau momento. E vencer um clássico dessa forma foi fantástico.
Seus gols preferidos
Existem alguns gols que permanecem na minha cabeça. Em particular, marquei um contra o Paris Saint-Germain, onde recebi uma bola longa. Duelei com Bruno Ngotty, que tentou me tirar do caminho do gol. Disse a mim mesmo que precisava finalizar o mais rápido possível e cruzado para vencer Bernard Lama. Consegui marcar e dei a vitória ao AS Monaco.
Também tem aquele gol em um jogo importante, em Newcastle. Ganhamos por 1 a 0 ali em uma arrancada de Thierry Henry, que tinha partido do meio de campo para cruzar no final da corrida, porque ele conhecia meu jogo. Ele sabia que eu não ia dar um mergulho na primeira trave, mas que ia enganar os defensores para bater de trás.
Sua relação com Thierry Henry
Eu era muito próximo dele, ele vinha muitas vezes comer em casa com Martin Djetou. Além disso, ele não podia dirigir naquela época, era muito jovem, então eu o levava aos treinos. Eu o tinha colocado sob minha proteção para ajudá-lo. Eu entendia o jogo dele, ele entendia o meu e era tudo muito fácil em campo.
Sobre os brasileiros Jean Lucas e Caio Henrique
Jean Lucas eu o conhecia um pouco mais já que ele veio do Olympique Lyonnais, e tinha ouvido falar dele no Brasil. É um jogador jovem, generoso, capaz de cumprir com perfeição o trabalho tático que o treinador lhe pede, como por exemplo alguns jogos em que Niko Kovac lhe pediu que terminasse pelo lado. Gosto muito de Caio Henrique também, ele é muito técnico e tem essa facilidade de atacar pelo lado dele. É um jogador que me impressiona, porque tem uma grande personalidade e encontra soluções através da sua técnica. Adoro vê-lo jogar. E como Jean Lucas, ele respeita muito as instruções taticamente e traz muito para o coletivo.
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Le premier but de cette saison de @Ligue1UberEats signé @GelsonMartins_ qui s'arrache au second poteau !
𝗖𝗲 𝗰𝗲𝗻𝘁𝗿𝗲 𝗱𝗲 𝗖𝗮𝗶𝗼… 🤤#ASMFCN pic.twitter.com/CnSRuiq17X
— AS Monaco 🇲🇨 (@AS_Monaco) August 9, 2021