Diagonal: há 60 anos, nascia um mito

Na esteira do épico primeiro grande título do AS Monaco, na primavera de 1960, o príncipe Rainier III e a princesa Grace criaram um carinho pela equipe liderada por Lucien Leduc. A presença deles no Stade Yves-du-Manoir, em Colombes, por ocasião da semifinal contra o Reims, não passou despercebida. O casal quase roubou os holofotes dos jogadores, pois o público, as câmeras e as lentes dos fotógrafos só tinham olhos para eles.

Foi neste mesmo estádio que se disputou a decisão contra o Saint-Étienne. Em um final dramático, o AS Monaco venceu por 4×2 após a prorrogação. Seu capitão, Raymond Kaelbel, era o primeiro jogador monegasco a levantar a Copa da França. Assim, o AS Monaco entrava no seleto clube dos grandes e comemorou como deveria.

Na mesma noite em Paris, na presença do casal principesco, foi dada uma recepção no Hotel de l’Univers e de Portugal. Salmão e costela estavam no menu, acompanhados por um tradicional champanhe. Outra recepção, mais oficial, foi realizada dois dias depois no Palácio do Príncipe, enquanto o AS Monaco e a princesa Grace apareciam na primeira página da imprensa. Jogadores e dirigentes ainda não sabiam disso, mas no espírito criativo da princesa germinava uma ideia que literalmente mudaria a imagem do AS Monaco.

Enquanto o príncipe Rainier III sugeria a ideia de mudar a camisa listrada vermelha e branca, que o AS Monaco compartilhava com várias outras equipes, a princesa Grace foi ainda mais longe ao imaginar esse novo manto. Ela se inspirou nos losangos vermelhos e brancos do brasão de armas do Principado, que ela cortou uma parte para criar a famosa diagonal.

“A princesa me mostrou durante a criação”, confidenciou Michel Hidalgo há alguns anos ao jornal L’Équipe, ele que foi um dos primeiros jogadores a usar esta camisa que se tornaria lendária ao longo dos anos. “Este desenho diagonal era algo novo, e agradou a todos. Esta camisa é marcada pelos olhos da princesa. Ela era próxima de nós.” Uma camisa que trouxe boa sorte ao time, que conquistou o seu primeiro título da liga alguns meses depois e adotou definitivamente a diagonal.

Colocada na frente e atrás de uma camisa com gola e mangas brancas, a diagonal era livre de qualquer logotipo. O símbolo do clube só foi inserido alguns anos depois, enquanto a década de 1970 viu a chegada dos primeiros patrocinadores. Em um mundo do futebol em constante evolução nos últimos sessenta anos, a diagonal do AS Monaco se tornou um marco imutável, símbolo de um clube único que orgulhosamente representa um território igualmente importante.
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♦️🔙 Retour 🎥 sur l’histoire d’une diagonale / légendaire imaginée et créée par la Princesse Grace 😍 pic.twitter.com/WAOxWDc2EF
— AS Monaco 🇲🇨 (@AS_Monaco) November 12, 2019