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Meios 10 Março 2022, 09:30

História, formação, tática… SC Braga em sete pontos com @Trivela

História, formação, tática… SC Braga em sete pontos com @Trivela
A poucas horas do jogo de ida em Portugal, eis o que você precisa saber sobre o Sporting Clube de Braga, adversário do AS Monaco nas oitavas de final da Liga Europa, com a mídia especializada @Trivela

Elderson Echiéjilé, Gil Dias…o SC Braga e o AS Monaco não têm apenas jogadores em comum. Ou as montanhas ao redor de seus estádios. Também compartilham semelhanças um pouco mais profundas, embora com recortes distintos. Por isso, antes da partida de ida das oitavas de final da Liga Europa, nesta quinta-feira (10), confira algumas informações sobre o atual 4º colocado da Liga Bwin, com Alexandre Ribeiro, da @Trivela.

Estádio Municipal de Braga; Icon Sport

O “Davi” de Portugal contra os três Golias

Paul-Georges Ntep – que atualmente joga no Boavista – explicou muito bem recentemente: há dois campeonatos em Portugal. O dos três líderes, FC Porto, Benfica e Sporting; e o restante, com o Braga em destaque. Na história da Liga Portuguesa, apenas cinco clubes foram campeões, o que não é o caso do SCB, mesmo que seja provável que se torne um no futuro, apesar da enorme diferença de orçamento para os três gigantes.

É o maior dos pequenos ou o menor dos grandes – dependendo do ponto de vista –, que deve ser dez vezes mais inteligente que os três maiores para estar no nível deles. Os direitos de TV do campeonato, por exemplo, são vendidos pelos próprios clubes, e não pela Liga. Isto significa que alguns clubes ganham 100 vezes menos do que Porto, Benfica ou Sporting. O Braga simboliza a luta contra a desigualdade em Portugal.

O Braga ainda tem uma final de UEL no currículo, o que é incrível para uma formação deste porte. Foi em 2011, frente ao FC Porto de Radamel Falcao (artilheiro da competição com 17 gols, nota do editor), treinado por André Villas-Boas na época. É tudo menos trivial.
Alexandre RibeiroSobre o passado europeu do SCB

A formação também é uma tradição!

É um clube muito bem estruturado em termos de formação, com uma maioria de jogadores portugueses ou brasileiros. Possui uma estrutura financeira bastante saudável, o que lhe permite estar no topo da tabela nos últimos 10-15 anos. Eles negociaram alguns jogadores de alta qualidade, incluindo o atacante do Barça, atualmente emprestado ao Wolverhampton, Francisco Trincão, que saiu por € 30 milhões. É algo considerável para um clube desse tamanho, comparado ao seu orçamento anual. Outro exemplo é Pedro Neto, seu companheiro de equipe nos Wolves, que é uma grande esperança da geração de 2000, já convocado pela seleção portuguesa (1 partida, 1 gol). É um clube que não hesita em vender jogadores substituíveis, para valorizar a formação e dar oportunidade aos jovens. Mesmo que isso signifique tornar as temporadas um pouco mais medianas, como este ano.

Liga Europa, um terreno conhecido

É, de fato, um clube que regularmente vai bem a nível europeu. Eles têm uma final de Liga Europa em seu currículo, o que é incrível para um clube desse tamanho. Foi em 2011, diante do FC Porto de Radamel Falcao (artilheiro da competição com 17 gols, nota do editor), treinado por André Villas-Boas à época. Isso é tudo menos trivial, e mostra que é um clube com ambições europeias, mesmo que continue com um orçamento muito pequeno em nível continental e contra concorrentes das cinco maiores ligas. Ele leva a Liga Europa muito a sério, joga a competição completamente, o que não acontece com todos. Podemos até dizer que é um time copeiro!

Classificação suada na fase de grupos…e no mata-mata!

Eles começaram mal, com uma derrota na estreia contra o Estrela Vermelha, em Belgrado. É preciso dizer que a viagem à Sérvia não foi fácil para iniciar a campanha. Mas eles conseguiram a recuperação contra os noruegueses do Midtjylland (vitória por 3-1). Acredito que o confronto duplo contra o Ludogorets Razgrad – time considerado o mais fraco do grupo -, com duas vitórias, fez bem. É graças a isso que eles conquistaram a classificação. Porque a última viagem à Noruega também foi muito difícil (derrota por 3-2), assim como o a decisão por pênaltis em casa, contra o Sheriff Tiraspol (0-2; 2-0, 3 a 2 nos pênaltis), depois de uma derrota no jogo de ida na Moldávia.

Ele é frequentemente posicionado à esquerda no ataque, mesmo que permaneça muito próximo à área. Ele gosta mais de finalizar do que de criar, mas é muito raro que não esteja envolvido em uma ação do Braga! Ele é a estrela do time e seu capitão.
Alexandre RibeiroSobre Ricardo Horta

Três na defesa e pontas invertidos no ataque

O Braga evoluiu muito claramente com uma defesa de três jogadores, e não cinco, isso está claro! Os dois laterais, que jogam muito alto, estão mais alinhados ao meio-campo do que à linha de defesa. O treinador, Carlos Carvalhal, usa-os como alas, para os fazer brilhar ofensivamente. O que significa que eles mostram algumas deficiências do ponto de vista defensivo. Voltando à defesa formada por três homens, não são jogadores que impressionam defensivamente, em duelos, mas que foram escolhidos em grande parte por sua capacidade de recuperação. Todos eles têm boa saída de bola, especialmente David Carmo, que é um jovem jogador formado no clube, e que voltou há 3-4 jogos depois de um ano sem atuar. As saídas são quase exclusivamente pelo chão, raramente fazem ligação direta.

No meio, há uma dupla muito trabalhadora, sendo a “torre de controle” Ali Al Musrati, que é muito alto, forte, poderoso, com um jogo bastante simples. Eles representam o lado “experiente” da equipe e ajudam a manter um certo equilíbrio. Na frente, há um trio. Os dois pontas muitas vezes jogam “com o pé trocado” e se posicionam muito próximos ao centroavante, que faz o papel de pivô. São eles o capitão, Ricardo Horta, à esquerda, e Iuri Medeiros, à direita. Eles geralmente liberam espaços para os alas e o atacante. No comando do ataque, alterna-se entre dois jovens: o espanhol Abel Ruiz e Vitor Oliveira, conhecido como “Vitinha”, formado no clube.

O jogador a ser seguido é…

Ricardo Horta é claramente o melhor jogador do Braga. Ele está até assumindo outra dimensão ao se tornar uma lenda do clube. Neste fim de semana, tornou-se o maior artilheiro do SCB na liga (61 gols, nota do editor). É um jogador que tem nível de jogo bem acima do Braga, mas que tem um apego especial ao clube. Seu irmão mais novo, André, que é zagueiro, também joga lá. Ambos são muito próximos, então esse pode ser um argumento que o faz permanecer, apesar das propostas. Ele é frequentemente posicionado à esquerda no ataque, mesmo que permaneça muito próximo à área. Ele gosta mais de finalizar do que de criar, mas é muito raro que não esteja envolvido em uma ação do Braga! Ele é a estrela do time e seu capitão. É nele que devemos confiar em um confronto contra um clube do tamanho do AS Monaco.

Um treinador em comum

Leonardo Jardim deixou uma marca no Braga. À época, ele não tinha aura suficiente para treinar um clube maior. Mas o SCB foi justamente a equipe que serviu de trampolim para que depois mostrasse as suas qualidades no Sporting e no Olympiakos, antes de se juntar ao AS Monaco e conquistar o título da Ligue 1 em 2017. O Braga é um palco tanto para os treinadores quanto para os jogadores. O exemplo de Leonardo Jardim é bastante revelador do que é o Braga em Portugal: o clube que pode te levar a uma outra dimensão.

*Créditos das fotos: Icon Sport

Rise. Risk. Repeat.