Nenê e sua incrível canhota brasileira

Ele não conheceu um dos melhores momentos da história do AS Monaco. E ainda assim, deixou uma memória muito afetuosa no subconsciente dos torcedores Rouge et Blanc. Ainda hoje, todos nos lembramos de sua canhota, que alegrou as noites da Ligue 1 no Stade Louis-II. Como Glenn Hoddle e Jérôme Rothen antes dele, ou mais recentemente James Rodríguez, Bernardo Silva ou mesmo Thomas Lemar, ele era um especialista em bolas paradas e assistências de todos os tipos. Nenê, cujo nome verdadeiro é Anderson Luís de Carvalho, desembarcou no Principado no verão de 2007, vindo do Celta de Vigo, que havia sido então rebaixado para a 2ª divisão espanhola.
Contratado por Ricardo Gomes, que o conheceu na seleção olímpica
Foi o seu compatriota, o técnico brasileiro Ricardo Gomes, que o trouxe ao Principado, depois de tê-lo conhecido alguns anos antes na seleção olímpica. Naquela época, o AS Monaco havia acabado de seguir duas temporadas medianas no Campeonato Francês, com um 10º lugar em 2006 e um 9º lugar em 2007. Acima de tudo, os monegascos não vibravam muito desde o final da era Didier Deschamps. Embora não seja a melhor em termos de resultados esportivos (o AS Monaco terminou em 12º lugar em 2007-2008), esta nova temporada tem pelo menos o mérito de revelar o meia-esquerda brasileiro.
Muito fino, tanto em termos de morfologia como de linguagem corporal, o meia-atacante, tecnicamente acima da média, brilhou desde os primeiros minutos na primeira divisão. Ele estreou contra o Lille em 29 de agosto de 2007, e três dias depois marcou seu primeiro gol durante sua segunda partida, contra o Bordeaux. Em desvantagem por 2 a 0 diante de seu ex-clube, Ricardo colocou Nenê no início do segundo tempo. E mesmo que o brasileiro não tenha evitado a derrota, ele marcou um golaço em cobrança de falta, sua especialidade, levemente desviada pelo goleiro.
Adotado desde o início pela torcida
Um grande início que imediatamente seduziu a torcida monegasca. E com razão, com Nenê anotando dois gols no Stade Louis-II logo em seu terceiro jogo em casa, por ocasião da recepção do Strasbourg. Apesar da decepcionante décima segunda colocação da equipe, o brasileiro completou sua temporada de estreia na Ligue 1 com cinco gols e nove assistências. Lembramos especialmente do golaço contra os alsacianos na partida de volta, no Stade de la Meinau. Um míssil de 30 metros, que terminou no ângulo. Mas, infelizmente, o relacionamento com seu treinador não era tão bom.
O canhoto partiu então ao Espanyol, pelo empréstimo de um ano. Entretanto, seu compatriota foi substituído por Guy Lacombe, que lhe deu toda a confiança no retorno. E isso se refletiu nos fatos, já que Nenê tornou-se o principal jogador Rouge et Blanc, ainda que o time permanecesse mal no Campeonato Francês. Sempre conhecido pelos seus dribles, ele se formou no Paulista de Jundiaí, clube de sua cidade natal.
🔙 5 avril 2008 :
Lors de son dernier déplacement à la Meinau en Ligue 1, Nenê, auteur d'une superbe frappe lointaine, et Fabio Santos ont permis à l'AS Monaco de s'imposer 2-0 face au @RCSA ! #RCSAASM pic.twitter.com/6o9AjGU2sN
— AS Monaco 🇲🇨 (@AS_Monaco) March 9, 2018
Um ótimo início de temporada 2009-2010
Apesar dos resultados mistos, ele não relutou em assumir a responsabilidade, seja em cobranças de falta ou pênalti. Certamente inspirado por Juninho, que se tornou uma estrela do Olympique Lyonnais graças, em particular, à incrível qualidade e consistência nas bolas paradas, Nenê assumiu outra dimensão. Ele teve um excelente início de temporada 2009-2010, com nada menos do que nove gols e uma assistência durante as primeiras dez rodadas da Ligue 1, com direito a um golaço contra o Paris Saint-Germain de Grégory Coupet.
O meia-atacante brasileiro finalmente encerrou a temporada com 14 gols e quatro assistências pelo AS Monaco. No total, e em apenas duas temporadas completas no Principado, ele participou de 35 gols em apenas 73 jogos em todas as competições (22 gols e 13 assistências). Apesar destas estatísticas marcantes para um meia-esquerda, Nenê não conheceu grandes alegrias em termos de resultados esportivos. Apesar de uma final da Copa da França disputada em maio de 2010, contra seu futuro clube, o PSG.
Legado
Isso não impede que os torcedores mais apaixonados lembrem com carinho de sua facilidade técnica e sua cumplicidade com Jérémy Menez (durante sua primeira temporada), Juan Pablo Pino ou mesmo Park Chu-young. Além disso, seu tempo no Paris Saint-Germain irá confirmar suas habilidades como um jogador de impacto. Com 48 gols e 46 assistências em 112 jogos, ele também marcou a história do Parc des Princes, graças ao seu lendário sorriso, sob o comando de Carlo Ancelotti.
Como Jérôme Rothen, ele foi ídolo e deixou sua marca por estes dois clubes que até hoje lhe são queridos. Obrigado por tudo, Nenê!